ELIZABETH LOPES E CAROLINA FREITAS
segunda-feira, 24 de
agosto de 2009, 11:54

E com Serra, ocorre o inverso, com vídeos desfavoráveis e negativos. "Nossa ação não será de ataque ou revide, mas sim propositiva", informa o secretário-geral. Gontijo diz que o novo portal não foi criado apenas com foco nas eleições 2010. "Estamos acompanhando uma tendência natural de interatividade e queremos também melhorar um dos grandes desafios do partido, que é a comunicação." Porém, ele reconhece a força que essa ferramenta terá nas eleições ao propiciar aos militantes e simpatizantes um instrumento para a troca de ideias e ao partido, um canal para a disseminação de sua plataforma.
Além da interatividade e do acesso às redes sociais, o novo portal traz também a ''tucanopedia'', que funcionará da mesma forma que a enciclopédia virtual Wikipedia e exibirá o perfil dos filiados, a TV Tucana, que exibirá programas ao vivo e abrirá espaço para perguntas dos internautas, um mapa interativo e um extranet para os cerca de 150 mil filiados no Estado. O portal é iniciativa do Diretório Estadual do PSDB paulista, mas a ideia é que a partir dele seja criada uma rede nacional, com a interação dos outros diretórios da sigla. O primeiro programa da TV Tucana irá ao ar no portal no dia 31 de agosto, com pronunciamentos do presidente nacional da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), e do presidente do PSDB paulista, Mendes Thame. Questionado sobre o custo do projeto, Gontijo diz: "Praticamente não tivemos custo, pois contamos com a expertise dos funcionários do Diretório e de colaboradores, como João Gaião (publicitário, consultor de marketing político, diretor de vídeo e cinema) e Ricardo Gonçalves (diretor-executivo da empresa de tecnologia Mundo Livre). Podemos dizer que o portal é resultado da força da nossa militância."
Sem medo
Tanta novidade no flanco tucano parece não alarmar os petistas. Questionado sobre o lançamento do portal do PSDB, o secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, adianta que a legenda tem planos de melhorias permanentes e graduais de sua comunicação via portal e redes sociais, sem entrar em detalhes. Para disseminar o nome de Dilma Rousseff até o pleito do ano que vem, o PT quer apostar na militância do "mundo real". "O PT vê os novos instrumentos de comunicação como meios, não como um fim, nada substitui a ação humana", argumenta Naime, reconhecendo, contudo, que "a internet e as redes sociais são meios mais ágeis e baratos para informar e trocar informação".
Segundo o secretário de Comunicação petista, a sigla não tem assessoria especializada em marketing digital e as ações de seus militantes na internet, que na visão de especialistas da área potencializam na rede as ações negativas de Serra, são "realmente espontâneas". Naime não concorda com a visão dos especialistas e do próprio PSDB de que os petistas utilizam redes sociais e o Google para turbinar a imagem de Dilma e desconstruir a imagem de Serra. "Todas as iniciativas na internet favoráveis ao PT, à Dilma ou ao governo são realmente espontâneas."
A importância da internet no processo eleitoral é destacada por Leonardo Bortoletto, diretor comercial da Web Consult e especialista em marketing digital e desenvolvimento. "Não dá para pensar hoje em uma campanha política sem o uso da internet." Ele cita que é muito bom o PSDB estar sintonizado com o mundo virtual para essas eleições porque, em comparação com o PT, os tucanos estão um pouco atrasado. "Nas próximas eleições, a internet deve ser vista como um canal que também poderá gerar votos."
Classes
Um dos temores da classe política em investir nessa ferramenta é a crença de que a rede ainda é dominada pela elite (classes A e B). No entanto, Bortoletto cita dados da consultoria e-bit que desmontam essa teoria. "Os números mais recentes do e-bit mostram que 51% das vendas de comércio eletrônico registradas no Brasil são feitas atualmente pelas classes C, D e E. E, em termos de navegação, o índice é ainda maior." Como a internet será uma ferramenta poderosa nas eleições, o especialista defende que as regras para a campanha na rede não sejam restritivas. "É preciso regulação, mas se proibirmos a manifestação do eleitor na web será um retrocesso sem limites." Na avaliação de Moriael Paiva, diretor de criação da Talk Interactive e especialista em marketing político digital - ele coordenou a área digital da campanha vitoriosa do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) nas eleições do ano passado -, o político que não se preparar para se basear nesse meio vai sair atrás numa campanha. Apesar disso, ele diz que a internet no Brasil ainda não terá um peso decisivo num pleito, como ocorreu na eleição do presidente norte-americano, Barack Obama. "Mas terá um papel importantíssimo." No seu entender, para ter sucesso, uma campanha precisa integrar e dar coerência a todos os seus canais de comunicação. Paiva já coordenou também a área digital da campanha presidencial de Serra em 2002.

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